Caridade Maçonica

As mais antigas religiões reservavam destacado lugar a Caridade. Não há moral espiritualista que não a tenha como um dos esteios. A caridade esta contida na fórmula Mazdeista, síntese de sua Moral – bons pensamentos, boas palavas, boas ações; é uma das eis perfeições da doutrina budista, pelas quais o justo alcança a bemaventurança do Nirvana; e refulge na trindade cristã das virtudes teologais, com a Fé e a Esperança. A maçonaria, que tem suas raízes mergulhadas nessas antigas verdades, não podia deixar de ter a Caridade em suma consideração, como uma das refulgentes gemas de sua elevadíssima Ética.

Caridade está no código da moral maçônica, guardando o mesmo rútilo explendor que tem nos Evangelhos, como deve ser no coração dos maçons. Todavia, cumpre assinalar que  Caridade não se resume apenas aos atos de beneficiência, que dela tão somente são úteis e louváveis manifestações exteriores. Considerar a Caridade como simples atos   beneficiência – ainda que não sejam aqueles atos de ostentação e de vaidade, que incensam o orgulho de quem dá e cobrem de vergonha a quem recebe,  -  é dar ´`aquele sublime vocábulo uma acepção muito restrita.

Caridade é principalmente Amor. Os estóicos já empregavam o termo para designar a filantropia , o amor à humanidade, “caritas generis jumani”. E os gregos, para designar a mesma virtude, usavam a palavra “ágape” que corresponde ao amor.Caridade é complemento da Justiça; amar alguém não é somente respeitar-lhe os bens e dar-lhe o que lhe pertence; é respeitar-lhe a dignidade e a consciência, é bondade, é fazer por esse alguém aquilo que desejaria que os outros a si próprio fizessem. Assistir ao próximo, suavizar-lhe as misérias, ampará-lo na desgraça, inegavelmente são deveres da Caridade, mas há muita gente que o faz semter a caridade no coração, apenas por um egoísmo disfarçado.

A Caridade Maçônica é amor, porque o Amor é toda a força e toda a beleza da Maçonaria.  Doutrina Cristã, que foi um jorro de luz projetado nas profundezas das méserias humanas, pode ser resumida em uma só frase, em que refulge a essência divina de seu criador : Amai-vos uns aos outros. Que imensidão de bênçãos, que séculos de felicidade, que mundos de paz e fartura essas palavras tão simples não constuiriam, se os homens soubessem ouvi-las  e lhes dar obediência. O maçon é um homen de fé; e, assim a Caridade, que ele pratica, é aquela mesma a que se referia Sõ Paulo na Iª Epistola aos Corintios, a fé em ação.

A Caridade Maçônica não é egoística, meio para o individuo adquirir méritos profanos ou tentar obter salvação pessoal; é a caridade-Amor, a Caridade-Filantrópia, a  Caridade que não se ostenta, a Caridade sem nomes, sepultada sempre no mais profundo segredo constante e eficaz, que se manifesta pelos atos de beneficência mas não se resume neles.É Caridade inteligente e esclarecida, que usa da tolerência, que respeitaa personalidade, que, nos conselhos de família, admoesta com prudência e bondade, que perdoa e esquece os agravos pessoais, que não escandaliza, que suporta com paciência os defeitos e fraquezas alheias, queouve com atenção, que não acusasem provas, que não descrê da eemenda, que usa da equidade nos julgamentos e não aplica nunca a lei do seu inteiro rigor (“summum jus, summa injuria”). A Caridade maçônica deve reunir a prudência do bom varão, a serenidade do reto juiz, a ternura do pai amoroso a cordialidade que nasce no coração amigo, a fraternidade que une num só amplexo os homens justos e compreensivos.

Essa caridade, no sentido lato e sublime de amor aos homens, é que uma maçons de todas as pátrias, de todas as raças e de todos os tempos. Dessa fraternidade sobrevêrm os frutos sazonadas da cooperação, as messes milagrosas da amizad, os tesouros espirituais da mútua compreensão. Se todos os homens se abraçassem, cheios dessa integral Caridade, nesse mesmo amplexo de fraternidade maçônica, as guerras estariam proscritas, as ambições vencidas, a inveja seria emulação, e o ódio se transformaria em amor. E o reino anunciado por Jesus talvez pudesse realizar-se mesmo na terra.

Lembremos as palavras da ”Imitação de Cisto” :
“Sem a Caridade de nada vela nenhuma obra exterior, tudo, porém o que dela se inspira, por pequeno e desprezível que seja, produz abundantes frutos “
Conservemos, nós os maçons a Caridade no coração, como fonte perene de benefícios e de amor

ADONAI

Boletim Oficial do Grande Oriente de São Paulo
Ano VI – Agosto de 1945 – nº 8

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